sábado, 5 de junho de 2010

A conectividade e o conectivismo, um breve comentário

A Internet veio para ficar, mais não seja para que eu próprio possa colocar neste espaço as minhas reflexões, sejam elas espontâneas ou provocadas.
Este é um fenómeno que promoveu a disponibilidade de um manancial de informação e conhecimento inimaginável. É também o recurso que permite estabelecer comunicação, interacção e relação com o outro, de uma forma completamente díspar da que até à poucos anos imaginaríamos. Com ela novas interacções, novas linguagens e novos termos como os que titulam este post.

Parece correcto afirmar que a utilização desta nova ferramenta, nomeadamente para efeitos de aprendizagem e construção de conhecimento, não pode ser efectuada de forma descontextualizada, deve sim ser fruto de um investimento formativo, para o seu adequado manuseio, junto das crianças e jovens, mas também junto daqueles que desempenham o seu papel na comunidade educativa, nomeadamente pais e professores a partir do 1º ciclo, ou antes. É sem dúvida uma ferramenta a integrar precocemente no espaço educativo, de forma a permitir a apropriação das suas potencialidades e capacidades por parte das crianças e jovens.

A WEB 2.0 possibilitou o acesso e partilha de conteúdos liberto de softwares instalados nos computadores pessoais, a partilha de informação massificou-se deste modo, pois que todos os conteúdos ficaram alojados online, inclusive o próprio software. Assim desenvolveu-se a chamada conectividade, promotora de uma socialização virtual e de uma relação com a net que se caracteriza por: estar ligado. No entanto, e a reflectir, pese o facto da extraordinária importância que a net pode ter no campo da aprendizagem e partilha de conhecimento, não podemos fechar os olhos ao facto de actualmente a sua utilização estar muito ligada à utilização das redes sociais sendo estas as que maior conectividade apresentam, nomeadamente o Facebook que lidera a lista dos sítios mais visitados e com mais tempo de permanência conectado. Importa assim desenvolver metodologias de ensino que promovam um uso concreto da ferramenta net como promotora de aprendizagens e não só como elemento de uso recreativo, transformando essa conectividade num contributo real para o desenvolvimento do indivíduo. A complexidade da net, pela diversidade e multiplicidade de informação, é um repositório indispensável na actualidade para todo e qualquer indivíduo. Siemens (2005) citado por Ana Carvalho (2007) afirma “…não só a importância de estabelecer conexões entre fontes mas também criar padrões úteis de informação”.

Este mesmo autor pretende identificar, em relação a esta conectividade, uma nova teoria da aprendizagem, o conectivismo. Considera que possui características próprias que diferem das teorias existentes. Ana Carvalho, embora reconhecendo o interesse e validade das reflexões de Siemens, não concorda no entanto com o mesmo quando este pretende afirmar o conectivismo como uma nova teoria da aprendizagem.

A constante agregação de conteúdos ao caldo informativo da Web, caracteriza e suporta a tomada de decisão no conectivismo. Penso que esse facto provoca a necessidade de serem promovidas competências pessoais de critica e reflexão que permitam ao individuo a triagem do útil e do inútil, do credível e do dispensável. Tenho para mim este aspecto como inevitável numa perspectiva de economia de esforço, recursos e rentabilidade das aprendizagens e construção de conhecimento. Esta recarga, constante, de informação na net, deverá estimular esta triagem de forma a reconhecer, em tempo útil, de que forma uma nova informação promove (ou não) uma mudança de contexto. Refere a autora que este facto é relevante tanto a nível individual como das organizações, citando Siemens (2005), Ana Carvalho refere “…o indivíduo e as organizações são organismos aprendentes”.

Longe de ser um lugar-comum vale a pena lembrar que neste novo paradigma comunicacional o indivíduo deve ser permeável à mudança resultante do estímulo informativo e reconhecer e investir na aprendizagem não só ao longo da vida mas sim em todos os momentos da sua vida. Assim a conectividade deve ser uma prática que permita desenvolver todos os aspectos da sua existência e não só um exercício de entretenimento.

 
( Reflexão efectuada a partir do texto " Rentabilizar a Internet no Ensino Básico e Secundário: dos recursos e Ferramentas Online aos LMS", Ana Amélia Amorim Carvalho (2007), universidade do Minho, disponibilizado na plataforma online da UAB)

Facilitar o discurso*, a presença do professor no e-learning

Ao professor, neste modelo de e-learning, compete criar um ambiente propício a que o aluno se sinta confiante, seguro e valorizado. Esta condição é fundamental para que o aluno desenvolva uma atitude interactiva, colaborativa e de presença online.
Diversas actuações são exigidas ao e-professor para que contribua para o sucesso deste discurso. A criação de espaços de apresentação inicial, a disponibilização de informação própria que balize o contributo do aluno e lhe sirva de exemplo para o pretendido. Este espaço pode incidir sobre aspectos vão desde a partilha de informação pessoal, social e profissional, até á descrição de hobbies e interesses, passando pelo enunciar das motivações para frequentar o curso e o modelo e-learning.

Outro aspecto, por exemplo utilizado na UAB, é a criação de fóruns temáticos de debate tanto moderados pelo professor como pelos alunos. No entanto dada a inexperiência inicial dos alunos, entendo que a presença discreta do professor nos fóruns de alunos deve existir. Este enquadramento é para mim útil na medida em que pode ser monitorizada a motivação e o interesse do aluno pelos tópicos apresentados, ajudando a fomentar e manter altos índices de participação nos mesmos, para além de estimular a cooperação e interacção entre o aluno e o professor assim como entre o próprio grupo de alunos.

 
*Discurso, aqui considerado na acepção do American Heritage Dicionary (2000), citado por Terry Anderson (2004) “ processo ou capacidade de argumentação”.
 
(Reflexão elaborada a partir do texto de Terry Anderson (2004), disponibilizado na plataforma online da UAB)

Das qualidades do e-professor

Na perspectiva de Terry Anderson (2004), o e-professor deve possuir três conjuntos de qualidades: gostar de lidar com os alunos; conhecer a matéria e possuir compreensão pedagógica. Para além disso deve possuir conhecimentos técnicos para utilizar a tecnologia online.

Não encontro, nesta assumpção, diferença entre o e-professor e o professor tradicional do ensino presencial. Concordo com a afirmação do autor no que concerne ao facto de um e-professor excelente ser um professor excelente.

Em qualquer actividade docente é fundamental o gosto pela relação com o outro, o gosto pela dinâmica do discurso, pela transmissão de ideias, pela compreensão de um caminho a percorrer em conjunto, de forma partilhada.

Da mesma forma que para existir uma dinâmica de aprendizagem, qualquer professor, tem não só a necessidade, como a obrigação de dominar o conhecimento abordado e proporcionar um ambiente em que esse mesmo conhecimento possa ser apropriado pelo aluno. As diferentes técnicas e actividades proporcionadoras da aprendizagem, por si só, não me parecem ser suficientes para provocar uma diferenciação entre e-professor e professor tradicional, assim sejam eficientes e eficazes.

Concordo, mais uma vez, quando o autor afirma que neste novo contexto de ensino e aprendizagem, o e-professor deve possuir competências de criatividade, versatilidade, perseverança e inovação. Mas também aí, se retrocedermos ao período inicial da utilização das TIC nas salas de aula presenciais, compreenderemos que estas são competências intrínsecas ao professor de excelência, qualquer que seja o seu contexto.



(Reflexão elaborada a  partir do texto de Terry Anderson (2004), disponibilizado na plataforma online da UAB)

quarta-feira, 21 de abril de 2010